Diferenças entre relacionamento disfuncional, tóxico e abusivo

O tema dos relacionamentos carrega muitas abordagens a serem investigadas. Entretanto, um tema que está em evidência é o dos relacionamentos tóxicos e abusivos. Além disso, a relação disfuncional também passou a fazer parte da pauta. Mas afinal, você sabe qual a diferença entre os relacionamento disfuncional, tóxico e abusivo?  

Bem, o objetivo aqui é esclarecer qual as principais características e diferenças entre esses tipos de relacionamentos, de modo que ajude as mulheres a identificar qual a situação está mais próxima de sua realidade. 

Isto porque nem todos os tipos de relacionamentos estão fadados ao fim. Muitas vezes, a relação precisa apenas de ajustes para continuar.

Para escrita desse artigo eu contei com o apoio da terapeuta Alessandra Ramos cujo o contato está ao final do texto.  

Principais diferenças entre relação disfuncional, tóxica e abusiva

Relação disfuncional

De modo geral nenhum relacionamento é perfeito. Entretanto, alguns são mais funcionais do que outro, ou seja, existem relacionamentos que funcionam melhor do que outros. Quando não funciona de modo harmônico, eles são considerados “disfuncionais”.

De modo prático, os relacionamentos disfuncionais são aqueles que não traz benefícios para as partes. Os especialistas em relacionamentos, indicam que as relações amorosas devem trazer desenvolvimento e crescimento pessoal para os envolvidos. Portanto, quando isso não ocorre, uma relação disfuncional ali se forma.

As características desse tipo de relação são observadas pelo relacionamento “morno”, onde ambos estão juntos, mas se sentem melhor quando estão longe um do outro. Além disso, não há uma comunicação efetiva entre os pares, há pouco carinho, contato e pouca relação sexual.

relacionamento disfuncional, tóxico e abusivo

Em outras palavras, eu afirmo que na relação disfuncional, há pouca “conexão” e “interação” entre o casal. As pessoas convivem, estão juntas, compartilham o mesmo espaço, porém, não faria diferença na vida deles, se estivessem longe um do outro.

Normalmente, essas as pessoas ficam juntas porque preferem ficar em sua zona de conforto ou porque é cômodo, pois não há “ganhos” e nem “perdas” aparentes (aparentes porque perdas nessas situações sempre há de existir).

Sabe aquela boa sinergia que determinados casais nos apresentam? como respeito, carinho, atenção, cuidado e boa comunicação de forma mútua? Então, essa é uma relação funcional. Tudo que está distante disso, é uma relação disfuncional. No entanto, não é por ser disfuncional que ela é tóxica ou abusiva.

Veja abaixo como identificar uma relação como tóxica ou abusiva.

O Relacionamento Tóxico

Os relacionamentos tóxicos possuem sutilezas que merecem bastante atenção para não ser confundido com o relacionamento abusivo, tendo em vista que é muito comum se referir a um deles, como se fosse o outro e vice-versa.

Assim sendo, o relacionamento tóxico é quando existe incompatibilidade de perfil entre os parceiros e essa incompatibilidade gera conflitos e destrutividade no relacionamento, explicamos melhor!.

A dinâmica desse relacionamento, funciona da seguinte forma: as atitudes dos pares geram gatilhos fortes e negativos no outro. Essas atitudes, naturalmente produzidas, fazem parte das características dos perfis presentes no relacionamento.  

Acontece que essas atitudes quando acionadas, despertam gatilhos fortes e negativos. Como forma de reação, isso irá gerar brigas e discussões no relacionamento. Nesse tipo de relacionamento, os pares vivem uma eterna montanha russa de altos e baixos.

É como se fosse uma cadeia que desperta ação x reação.

Em outras palavras, no relacionamento tóxico, os parceiros trocam a todo momento a relação de poder, oscilando entre um e outro, o domínio da relação.

Assim, os casais que vivem a dinâmica do relacionamento tóxico, vivem um estilo caracterizado como “montanha russa”. Ou seja, os gatilhos negativos são provocados por ambos, trazendo ações e reações destrutivas.

Neste sentido, as agressões e gatilhos tornam-se recíprocos devido a incompatibilidade de perfil. Esta incompatibilidade, não faz bem e não agrega nada na relação e nem ao casal.

Algo muito importante a pontuar é que, nesse tipo de relacionamento, não há uma relação de poder, onde se configura os papéis de abusador e vítima (presente nos relacionamentos abusivos).

É importante lembrar que, quando o estágio do relacionamento tóxico ainda é leve, ele pode ser reversível se tratado. Quando a toxidade é intensa e causada por muitos anos, causa sérios danos emocionais e psicológicos ao casal.

Relacionamento abusivo

Relacionamento disfuncional, tóxico e abusivo

O relacionamento abusivo é definido, como aquele que provoca desconfortos de ordem emocional, física, sexual, econômica e patrimonial para um dos parceiros.

O relacionamento abusivo é aquele que existe uma forte relação de poder entre o abusador e a vítima. Portanto, um dos parceiros possui o domínio e controle total do relacionamento.

Neste sentido, haverá um desequilíbrio intenso de poder. O abusador domina a vítima o tempo inteiro, fazendo com que ela viva “pisando em ovos” a todo o momento.

Isto porque a vítima desenvolve internamente uma verdadeira “tensão” de que, a qualquer circunstância, o abusador vai cometer agressões, sejam elas físicas ou emocionais.

Nesse tipo de relacionamento, quanto maior o controle, mais satisfeito o abusador se sente. Portanto, seguem abaixo as características de um relacionamento tóxico.

Características de um relacionamento abusivo:

  1. Danos emocionais e psicológicos: Uma vítima de relacionamento abusivo torna-se facilmente identificada por danos causados ao seu sistema psicológico e forte abalo no sistema emocional. Desta forma, a sua fragilidade e desequilíbrio emocional são perceptíveis ao primeiro olhar. Em muitos casos, essas questões seguem por anos, sendo comum, desenvolver doenças como a depressão.
  2. Insegurança e tensão constante: A insegurança e tensão tornam-se uma constante na vida da vítima que deixa de ter uma vida normal. Assim sendo, a vítima também limita sua própria liberdade (em todos os aspectos), desejos e até mesmo convivência com as pessoas, em virtude da tensão causada pelo agressor.
  3. Limitação a alguma ou todas áreas da vida da vítima: O abusador irá limitar uma ou todas as áreas na vida da vítima. Ou seja, ele utiliza do poder para limitar ou restringir as relações com familiares ou amigos da vítima. Em alguns casos também a proíbe de trabalhar ou estudar. Além dos exemplos citados, o abusador pode ainda, proibir o uso de celulares ou computadores, acesso a suas contas bancárias e por assim por diante….
  4. Desequilíbrio de poder: Como já mencionado, no relacionamento abusivo, o desequilíbrio de poder é intenso. Normalmente, a pessoa fica sendo manipulada, dominada e submissa sem que possa reagir de modo adequado. Muitas vezes esses, as pessoas até entendem que estão passando por uma situação de abuso, mas não encontra forças ou caminhos que a levem a outra patamar.  

De que forma a mulher pode ajustar ou sair desses relacionamentos?

Bem, os estudiosos em relacionamentos explicam que quando a relação é disfuncional ou tóxica, podem haver ajustes de modo a tornar a relação funcional.

Entretanto, cabe lembrar que tudo vai depender da vontade do casal e do estágio que essa relação de se encontra, seja em nível disfuncional ou tóxica. Cada caso será um caso.  

Para tanto, existem técnicas terapêuticas que podem auxiliar nesse processo. Existem terapeutas especializadas em relacionamentos que podem auxiliar o casal a criar dinâmicas funcionais na relação.

No entanto, quando a relação é abusiva, não há solução para tal. O recomendado é CONTATO ZERO com o abusador. Sabe-se que isso não é nada fácil (afinal, somos vítimas de relacionamentos abusivos).

Até chegar o despertar da consciência para a NECESSIDADE de estabelecer o contato zero com o abusador, a vítima tem um longo caminho a percorrer.

Assim, também se recomenda, buscar apoio terapêutico (durante e depois da relação) como forma de suporte a tudo que foi vivenciado, bem como, para as projeções futuras.   

Algumas dinâmicas terapêuticas também tem ajudado muitas mulheres a desenvolver um   relacionamento saudável, como por exemplo, a constelação familiar. Abaixo vamos explorar melhor o assunto.

Leia Também: Porque muitas mulheres ficam em um relacionamento abusivo

As relações abusivas na visão da constelação familiar, por Alessandra Ramos

A constelação familiar é uma prática terapêutica que busca resolver conflitos familiares que atravessam gerações.

A constelação familiar parte do princípio de que somos regidos por leis naturais que atuam sobre o indivíduo e todo o nosso sistema familiar.  

Bert Hellinger (desenvolvedor da técnica) nos seus estudos, descobriu três leis do amor que regem os relacionamentos humanos. São elas: vínculo (pertencimento), equilíbrio (entre dar e receber) e ordem (hierarquia). 

O que acontece quando essas leis são violadas?

Quando as leis que regem o amor são violadas, elas causam uma desordem na vida de uma pessoa. 

Na maior parte dos atendimentos que eu fiz, o que eu identifiquei em comum entre mulheres que saíram do ciclo do abuso, era a criança interna magoada buscando soluções nos seus relacionamentos adultos. 

Em outras palavras, pode ter sido um amor interrompido com algum dos seus genitores ou com os dois. Isso gerou nesses adultos, um sentimento de rejeição, abandono, carência, desamparo, dentre outros….

Assim, esses registros ficam guardamos em nosso íntimo. Consequentemente, esses sentimentos que não foram atendidos na infância, geram, mágoas que são replicadas, mesmo que de modo inconsciente, nos relacionamentos quando nos tornamos adultos.  

O medo também acompanha essa dinâmica. O medo de ficar sozinha, gerado pelo sentimento de desamparo, faz muitas mulheres se submeterem a coisas cruéis em uma relação. 

Só consegue mudar ou quebrar o padrão aquela mulher que vai em busca da resposta que configurou essa relação abusiva. Assim, ela passa a ter consciência e compreensão do significado desse “MEDO” de onde ele vem.

O medo é um sentimento primário e procurar por sua origem é buscar a “cura”. 

Através da constelação podemos quebrar padrões repetitivos ou emoções cristalizadas que podem estar presentes dentro dos relacionamentos.  

Desta forma, quando não existe uma troca harmônica nos relacionamentos, há dificuldade para que as três leis do amor fluam de forma saudável. 

Sendo assim, a Constelação Familiar Sistêmica, pode ajudar a identificar e compreender as dinâmicas ocultas familiares em questão.

Lembrando que cada situação possui aspectos únicos. Existem diversas causas que fazem uma mulher estar em um relacionamento abusivo. Assim sendo, é importante investigar a cada situação.  


Artigo em parceria com:

Alessandra Ramos, terapeuta em constalações familiares. Acesse: @eusoualessandraramos


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